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5 de setembro de 2009

A difícil arte de amar a poesia...

Dedos que se entrelaçam na imensidão do nada,


Obscuros a mim vão além do tédio. Infinito sol...

Deponho em vão letra sobre papéis aos montes,

Procuro o ritmo, a rima, o tom que lhe embala.



Encontro me desvairado no seu olhar distante,

E num tumulto cíclico, tudo que fabrico cala,

Destarte como o incompreensível delir do farol

Provocando no oceano a boca da noite calada.



Percorro as pálpebras pelos cantos e vejo o vazio

Daquele vestígio demoníaco que me rouba o alento.

Sem alma, sou um mundo absorto do universo,

Cratera incomensurável no império do Altíssimo...



Desejo agora poder revê-la, para reaver meu verso,

Imêmore no cerne assombroso do seu individualismo,

Cruelmente retido sob essa campa de esquecimento,

Que, por Deus, dos corações que ouvi é o mais frio.



Fantasmas acompanham-me no descaso que me dou

Enfermo, arrasto os sentimentos a não mais tolerar.

Desenho minha caricata forma nessa luz incessante,

Vejo que não mais terei comigo minhas inspirações.



Entre papéis amontoados percebo quem fui e sou,

O meu estado de encantar não é mais o bastante

Desse menino doido que um dia deu de só amar

Àquelas que preferem ignorar suas doces canções.