Dedos que se entrelaçam na imensidão do nada,
Obscuros a mim vão além do tédio. Infinito sol...
Deponho em vão letra sobre papéis aos montes,
Procuro o ritmo, a rima, o tom que lhe embala.
Encontro me desvairado no seu olhar distante,
E num tumulto cíclico, tudo que fabrico cala,
Destarte como o incompreensível delir do farol
Provocando no oceano a boca da noite calada.
Percorro as pálpebras pelos cantos e vejo o vazio
Daquele vestígio demoníaco que me rouba o alento.
Sem alma, sou um mundo absorto do universo,
Cratera incomensurável no império do Altíssimo...
Desejo agora poder revê-la, para reaver meu verso,
Imêmore no cerne assombroso do seu individualismo,
Cruelmente retido sob essa campa de esquecimento,
Que, por Deus, dos corações que ouvi é o mais frio.
Fantasmas acompanham-me no descaso que me dou
Enfermo, arrasto os sentimentos a não mais tolerar.
Desenho minha caricata forma nessa luz incessante,
Vejo que não mais terei comigo minhas inspirações.
Entre papéis amontoados percebo quem fui e sou,
O meu estado de encantar não é mais o bastante
Desse menino doido que um dia deu de só amar
Àquelas que preferem ignorar suas doces canções.
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