Quando tenho raiva do mundo bebo muito, se tenho raiva de tudo bebo o mundo,
Se me mantenho afastado dos outros continuo mais perto de minha insanidade...
Na verdade nunca trespassei a violência de ter nascido desarmado e desalmado.
Minha ciência também foi cega e vã em toda sua inutilidade, desconfiada sempre.
Quando calo para todos estou aprendendo a domesticar meu silêncio corrupto.
Quando falo demasiado estou proliferando todo o íntimo ignorante e corrupto.
Meus passos estão cada dia mais largos, tenho pressa nesse mundo divagar...
Se me fazem de psicopata eu psicopateio sem medo de não me enquadrar...
Quando me tomam a mão pra passear eu passeio sem me deslocar do universo.
Sempre canto à amante e ao distante que espera preocupado pela esperança.
Minha sepultura, espero que me atendam, que não seja nobre, adornada...
Quero umas flores somente por cima da terra amontoada e mais nada,
O luxo não me acompanhou em vida e não acompanhará na eternidade...
Quando tenho raiva de mim, me perco dentro do meu constrangido sonho...
Não posso beber, não devo fumar, nem me perder nesse lugar de ninguém,
Tenho que ter cuidado pra não me preocupar com o impreocupável outro.
Um louco. É o que dizem de mim. Um louco somente, desvairado e distante.
O que eu queria não me interessa mais, só me é interessante o que quero.
O agora é muito mais interessante do que um pretérito frustrado inutilmente,
Eu vivo um instante e esqueço o logo no próximo instante que me aparece.
As teclas do piano que eu nunca tive ainda continuam intactas no sótão
Da casa que eu nunca morei perto daquele rio calmo onde nunca pesquei.
Fui de um ponto a outro distante do infinito pra encontrar algo e me perdi,
Numa ânsia louca de desistir fiquei atolado na areia do deserto do seu olhar,
Cansei, sedento e faminto folheei um livro e me saciei completamente.
Logo aquela página que continha o verso que dediquei àquela menina.
Logo aquele rouco soneto exacerbado de métricas melodiosas inomináveis.
Quando tenho pena de mim degolo minha sombra por que sei não sangra.
Dores que senti nas primaveras escolares e que hoje são as dores dos bares,
Nostalgicamente volto no tempo pra prender-me nesse insensato agora....
Fora tudo que acontece na áfrica e todas as bombas e violências urbanas
Que assolam famílias e entristecem lares, fora isso... está muito feliz.
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