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28 de fevereiro de 2010

Chorou até que os olhos se arrebatassem da alma

Chorou até que os olhos se arrebatassem da alma,

Sabia que não mais a veria novamente,

Sorriu um sorriso fingido e solitário,

Mas sabia que ela não voltaria,

Tentou todos os meios possíveis,

E a dor era crescente com os dias,

Tratou de reconhecer a solidão,

Conviver com a solidão, única companheira.

Bebeu o veneno dos desesperados,

Viciou nas mais dispersas drogas,

Procurou amores que não sabia o nome,

Contraiu doenças, dividas e abateu-se.

Não retornou jamais do degredo,

Ficou fraco, feio, magro, sujo...

Não era mais ele, não era mais ela,

E o desconforto o intimidou,

Tentara em vão a morte à noite,

Sufocava nas próprias dores,

Perguntava entre lágrimas:

Porque eu?

Eu que sempre me entreguei a ela,

Eu que sempre fui pra ela um servo,

Eu que a amava docemente, liricamente,

Passaram anos, mas o tempo indiferente.

O tempo cura tudo. Que balela!

Disparate de adolescentes que nunca sofreram na pele real perda.

A morte cura tudo, mas demorava a encontrá-lo.

Não a via mais e nem queria vê-la,

Não havia mais esperanças, envelheceram.

Ele envelhecera mais... Dez ou vinte anos a mais.

Sua vida fora consumida pelo pesar da derrota,

Perdeu os pais os filhos e os netos,

Perdeu a paz e as noites de olhos abertos,

Sabia que não mais a veria novamente,

Sabia que não mais haveria vida.

Perdeu seu senso e enlouqueceu se de repente,

Como nos versos que a declamava:

Não mais que de repente.

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